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A cultura de patrimônio vem de um princípio do direito romano que está próxima ao conceito paterno, como diz Dominique Poulot, deve ser transmitido continuamente, um bem de herança transmitido de pais para filhos, como o principal atributo a ser reivindicado. Desta forma quem se responsabiliza pela paternidade da nação, da cidadania é o Estado. O Estado que diz o que deve ser transmitido para gerações futuras.

 

Como forma de começar a despertar para a percepção de um patrimônio sem dicotomias entre material e imaterial, tangível ou intangível, móvel ou imóvel, o Projeto Nasce Uma Cidade discute sobre um conjunto, um complexo, uma unidade diversa e múltipla feita por partes vivas e mortas, existentes e inexistentes, visíveis e invisíveis, mas que são permanentes, pois são constituintes do valor identitário do barramansense.

 

Este é um trabalho lento que propõe diluir a “ignorância” da população sobre o assunto. Realizar esta ação continuamente está sendo profícua e aos poucos vai deixando um legado que é muito mais do que ocupar espaços físicos, mas sim criar espaços de distensão, de compreensão e elevação do ser humano em níveis mais amplos de existência. Onde se pode perceber valores inerentes aos meros valores de mercado, e sim aos valores simbólicos.

 

O NASCE UMA CIDADE foi inspirado pelo poema homônimo da mineira Lacyr Schettino, e exalta as belezas de Barra Mansa sem perder o compromisso histórico, revelando documentos, ocupando monumentos e reconstruindo a memória cultural da cidade.

Foto: Fernando Haeinel

Para marcar o aniversário da cidade, oficialmente celebrado em 3 de outubro, o Coletivo Teatral Sala Preta propôs um desfile cênico pelas ruas da cidade. Um mega encontro cultural como um desfile, um acontecimento. As principais referências são as festas populares, os desfiles cívicos, o teatro medieval itinerante, o teatro de rua contemporâneo,  e suas relações com o espaço da cidade. Essa celebração é uma iniciativa pioneira ao promover o processo colaborativo e criativo de construção do conhecimento histórico. A participação da população é indispensável, já que o foco é o resgate das raízes culturais. Abre-se espaço para cada grupo criativo atuar em sua área no contexto coletivo.

Foto: Paulo Dimas

A partir de uma pesquisa histórica e um mapeamento das principais manifestações culturais do município, o Sala Preta organizou em 2010 para a primeira edição do projeto, encontros periódicos com forças criativas, com o objetivo de contextualizar e produzir trechos específicos do espetáculo. Na concepção inicial era esperada a participação de cerca de cinquenta pessoas. Mas, com o desenvolvimento do projeto, a adesão foi impressionante, contando com mais de quatrocentas pessoas em 2010, entre artistas, técnicos, amadores, estudantes e colaboradores. Em 2011 foram cerca de 600 participantes. A última edição do projeto em 2014 contou com o envolvimento de cerca de 3.000 pessoas, direta ou indiretamente.

A arte de rua como invasão da silhueta urbana é uma forma de aprender a história ao mesmo tempo em que é revivida no espaço. Hoje há um forte movimento de idéias em redes colaborativas entre grupos e produtores para a promoção de uma cultura plural no Brasil. O NASCE UMA CIDADE é a culminância do processo de trabalho em rede. O resuldado é uma cidade ocupada por seus cidadãos, que levanta a bandeira da arte como principal identidade e patrimônio do barramansense.

Foto: Haroldo Júnior

O NASCE NASCEU

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