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Atividades de intercâmbio continuam em destaque no Coletivo Teatral Sala Preta. Pensando na qualidade da produção, distribuição e difusão da arte de rua, o produtor Bravo foi à Espanha, na cidade de Tàrrega, na Cataunha. O produtor cursou, em três semanas, entre maio e junho, o módulo “Políticas, Comunicación y Producción de las Artes de Calle”. O módulo faz parte do “Master de Creación en Artes de Calle”, oferecido pela FiraTarrega, em parceria com a Universidade de Lleida.

 

O produtor realizará atividades de multiplicação do conhecimento desenvolvido na Europa como contrapartida do apoio recebido pelo Fundo de Apoio à Capacitação do Associado do Sala Preta, um programa de fomento ao aprimoramento e à formação dos associados do Sala Preta.

 

O curso na Espanha trabalhou a especificidade do processo de produção de artes urbanas, desde o desenho de produção até sua apresentação ao público, além de aspectos como a gestão administrativa e legal, o conhecimento dos mercados potenciais, a comunicação e as diferentes políticas culturais do setor, tanto na Espanha, quanto em âmbito internacional.

 

Bravo ao comentar sobre as diferenças entre a cadeia produtiva do setor criativo europeu, e a do Brasil, especialmente no Médio Paraíba Fluminense, onde o Sala Preta está inserido, destacou que “é fundamental considerar as diferentes culturas e modos de gestão. Mas, de forma geral é importante ter contato com estruturas estabelecidas, com sistemas sustentáveis cujo objeto de valor é a arte e a cultura. Na Europa o setor criativo movimenta mais dinheiro do que o aço. Em Barra Mansa, ainda não foi entendido o potencial de ‘produtos’ que não ocupam espaço. Quer dizer, os europeus investem pesado em produção de conhecimento, patentes e propriedade intelectual por meio da lógica de mercado e dos modelos industriais de economia. Aqui nós ainda damos mais benefícios fiscais para a indústria siderúrgica do que para organizações como a nossa.”

 

Além dos novos conhecimentos sobre as políticas, produção e comunicação da arte de rua, Bravo pôde ter contato com outros idiomas, como o castelhano, catalão, francês e inglês. “Achei que teria muita dificuladade em acompanhar os estudos em outro idioma. Mas, na turma havia gente de muitos países, que se comunicam de alguma forma. O idioma é a menor barreira para o contato entre as pessoas e a troca de conhecimento.” disse Bravo.

 

Foram profesores de diferentes nacionalidades. Por exemplo o francês Yohann Floch, coordenador da FACE – Fresh Arts Coalition Europe, uma rede com diversos articuladores de setores que apóiam e sustentam projetos artísticos urbanos. Ele lecionou o tema ‘Comunicación y mercados de las artes de calle’, e a apresentação final da disciplina foi em inglês.

Bravo explicou que a oportunidade para a realização do módulo partiu do convite da atriz mexicana Montserrat Angeles Peralta, quem  já participou de duas edições da Tomada Urbana, uma mostra de arte urbana realizada pelo Sala Preta desde 2009 em Barra Mansa. Este projeto recebeu especial atenção nas rodas de negócios oportunizadas pelo curso.

 

A Tomada Urbana na América do Sul

Atualmente o projeto do Sala Preta com maior potencial de exportação, importação e cooperação mútua com outros países é a TOMADA URBANA. Um festival internacional de artes urbanas, performances, música e artes visuais, em espaços urbanos e não convencionais. Bravo explorou esse pontencial como objeto de práticas e estudos durante o Máster de Creación en Artes de Calle, en Lleida, na Catalunha.

 

“A TOMADA URBANA promove à interação artística entre a silhueta urbana e os espectadores. É uma mostra que ocupa com arte o espaço público. Acontece nas ruas para ressignificar o território comum e cotidiano do cidadão transportando-o para uma realidade figurativa. Mais que um festival, é uma verdadeira Tomada Urbana”, completou o produtor.

 

O projeto é realizado pelo Sala Preta nas cidades de Barra Mansa, Volta Redonda e Resende. O festival acontece anualmente desde 2009, para que artistas de todo o mundo tomem os bairros, zonas rurais, e os centros das cidades. Em 2015, pela primeira vez, também serão programadas atividades simultaneamente no Estado do Rio de Janeiro e no México. Na Cidade do México/DF, o projeto tem a cooperação da Cia. La Dueños de Teatro Itinerante. Em Pachuca, capital do Estado de Hidalgo, a Tomada Urbana tem a parceria do Foro Escénico.

 

Alguns dos artistas que tiveram contato com o projeto na Espanha, já confirmaram presença, como a Cia. Gato Tuerto, com o espetáculo Desmantelados. No elenco está o ator Eduardo Pérez, colega de turma do Bravo no Máster, em Lleida. “A rede de contatos em cursos como este é o conhecimento mais valioso que construímos”, destacou Bravo.

 

Ao apresentar o projeto da Tomada Urbana para a turma do Máster, os artistas e produtores se indentificaram com a proposta do projeto e se acercaram com o objetivo participarem das próximas edições.“Tivemos que apresentar nossos projetos como experiência na articulação com instituições internacionais. Mas, transcendemos o ambiente acadêmico e articulamos várias oportunidades reais entre os alunos participantes”, declarou Bravo.  

 

O projeto já prepara sua oitava edição em 2016 e antecipa uma novidade: “Além de México e Brasil, no próximo ano a Tomada Urbana acontecerá também em Montevidéu no Uruguai”, anuncia Bravo. A bailarina e produtora uruguaia Catalina Lans, se identificou com o projeto, e apresentou a proposta de realizar o projeto em seu país. “Quando o Bravo apresentou a Tomada Urbana em sala de aula me identifiquei, pois temos condições bem parecidas em alguns bairros de Montevidéu. Já começamos a sensibilização de algumas organizações locais e não tenho dúvidas que tomaremos as ruas da capital uruguaia com a mesma intensidade que são tomadas no Brasil pelos artistas conectados com o Sala Preta,” declarou a produtora.  

 

Poeticamente o projeto não é sendo realizado em países diferentes. Os organizadores preferem buscar nos conceitos do antropólogo argentino Néstor Canclini, que pensa sobre a América Latina, como uma grande comunidade. “A Tomada Urbana acontece num lugar só, a América Latina. Acreditamos que ao nos posicionarmos dessa forma, rompemos quaisquer fronteiras que possam existir tanto geográfica, quanto cultural, política ou econômica”, revela o produtor do Sala Preta.

 

O projeto oferece oficinas, convivências, espetáculos de teatro e música, performances, instalações artísticas, intervenções e exibições de filmes. A Tomada Urbana Ato VII acontecerá de 05 a 13 de dezembro de 2015, em cidades do Médio Paraíba Fluminense, e no México em Pachuca e Cidade do México.

 

Fundo de Apoio à Capacitação do Associado

Uma das formas de financiamento utilizado pelo produtor Bravo, para sua participação no curso foi o Fundo de Apoio à Capacitação do Associado. Trata-se de um programa que atende todos os integrantes do Sala Preta com investimentos na capacitação individual e coletiva. A contrapartida é oferecer uma oficina de multiplicação do conhecimento desenvolvido.

 

“Ainda que o benefício não contemple os investimentos todos de um curso como esse, é muito significativo para o Sala Preta poder oferecer um estímulo dessa natureza.”

 

Como contrapartida ao apoio recebido o produtor ministrará oficinas para os associados do Sala Preta e convidados participantes dos projetos do coletivo.  As atividades ainda serão divulgadas.

 

O produtor destaca que o principal investimento e apoio foi dado pela atriz mexicana Montserrat Angeles, que o acolheu em sua casa bem no Centro da cidade de Tàrrega. A atriz é aluna do Máster, cuja a conclusão será em outubro deste ano.

 

Mesmo sem investimentos públicos para o intercâmbio, e a multiplicação do conhecimento por meio de atividades de formação, Bravo conseguiu recursos para investir no curso. O produtor destacou que apoios indiretos e da família geram resultados diretos na cultura local mas, não integram as estatísticas relacionadas ao setor cultural. “Sem o apoio do meu pai, irmãos, e amigos tanto financeiramente, como em outros aspectos, não seria possível fazer o curso. Cooperações silenciosas como essas não entram nas estatísticas dos relatórios de organizações burocratizadas tanto públicas como privadas. Essa é nova geração de intercambistas”, finalizou Bravo.

INTERCÂMBIO INTERNACIONAL: PRODUTOR PARTICIPA DE CURSO SOBRE TEATRO DE RUA NA ESPANHA 

Barra Mansa,  20 de julho de 2015

Integrante do Sala Preta multiplicará o conhecimento em oficinas no Médio Paraíba Fluminense

 

 

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